quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

"...O que posso dizer então
enquanto o tempo castiga,
deixando seu sorriso á espera, seus cabelos ao vento
e sua boca tão doce dizendo coisas sem sentido.
O que posso dizer então no agora da vida
se ela já sabe que foi sempre você
que algo o destino guardava pra mim, na hora certa
que seus olhos me fazem sorrir a cada minuto
mesmo vc não estando tão perto.
E quando está o mundo para, e são apenas dois a girar num pé só ..."

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

HojeSentiOmundoGirarEmUmPéSó...

domingo, 6 de novembro de 2011

SUSSURROS

"Não me diga que foi hoje
quando finalmente acordei
e percebi que o tempo
mentiu-me sobre ser feliz.
Logo que senti
o desmoronar de meus sentidos,
você voou para longe
sem mostrar o caminho de volta.
Sei que não há mais
o mesmo tempo que havia antes
pois tudo se perde
quando nada se enxerga.
E foi tudo tão fácil
assim como dizer adeus,
mentimos como sempre e escondemos sorrisos
por trás do desejo de nos sentirmos só.
Você continua aqui,
sem que nada mude pra mim
pois em um segundo você me mostrou
que valeu a pena tentar ..."

sábado, 6 de agosto de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

O ÚLTIMO PAR DE ASAS

"Elas estavam em uma vitrine. Brancas, leves e cintilantes. Remexiam com os pensamentos até do Homem mais frio do mundo. Todos as desejavam, também pudera, tão perfeitas... inatingíveis e a um preço altíssimo, que ninguém poderia alcançar. Já tinham virado rotina os rostos colados no vidro fosco, lágrimas entre cobiças e pecados, tudo unido e acumulado, quase se igualando ao poder nelas contido. A pequena vila estava mudada, desde o tempo em que aquele anjo abdicou nada mais é o que parece por aqui. A igrejinha mesma, antes babando fiéis, perderia seu lugar para uma vitrine de um açougue. Sim, logo um açougue. Conta a história que, anos e anos atrás, um anjo desceu à Terra com um propósito e em uma única chance deveria cumpri-lo ou render-se. Pois foi logo nesta velha vila que ele apareceu. Como em um arco o céu se abriu e dele um raio ofuscante baixou sobre um balde jogado entre os buracos do calçamento trincado da casa 26. O mais belo dos belos anjos ergueu-se e , avistando os simples olhares que o fitavam, procurou cumprir seu objetivo enfim, mas como pobre anjo que não conhece o abismo, deparou-se com a verdadeira face da casa 26, um matadouro das puras almas, impiedoso e silencioso como uma flauta sem notas. Ali, desfez-se o anjo em lágrimas iluminadas, prostrado frente ao sangue esculpido nas peças presas aos ganchos, chorou enquanto ele próprio arrancava suas asas, procurando palavras em resposta para tal selvageria na qual seus belos olhos não queriam acreditar. Esse foi o recado que o anjo abdicado levou consigo para o nada, a crua face da transformação ocorrida na alma humana, tão diferente da que seu Pai presenteou os Homo Sapiens. Então o tempo parou. Ao ver as asas tão lúcidas e ainda batendo, a chance não foi perdida, foram colocadas á venda por um valor exacerbado, não deixando ninguém chegar próximo do tão idealizado voo para o céu. Desde então nada acontece de novo, são as mesmas caras ficando lisas de tanto rasparem no vidro daquele açougue, são as mesmas lágrimas perdidas e os mesmos sussurros vaidosos, cada qual com seu verdadeiro e único motivo de poder ter em mãos a chance de um sonho realizado: ir para o céu. Fácil assim, como se apenas as asas bastassem. Ao soar do sino, todo meio dia em frente ao açougue era inquietante, fiéis esperando para serem escolhidos pelas asas e o açougueiro disposto a picotar fosse quem fosse , caso chegasse perto do tesouro branco. Todos queriam para si as tais asas, menos o açougueiro, que iria presentear a sua primeira filha como em promessa, para que ela subisse aos céus sem conhecer o pecado mundano. A filha, anos depois já nascida e com dez anjelicais anos de vida, sabendo da promessa, inocentemente abdicou as asas em troca de um leitãozinho vivo, arrancado com vida das entranhas de uma porca moribunda na mesa do açougue, como sendo seu presente de aniversário. Abismado, seu pai retrucou e, ao meio dia de um desses domingos santos, ele segurou o leitãozinho pela cabeça em frente as asas e aplicou-lhe sem dó uma só cravada de facão, transpassando-o nas costas rosadas, criando um gemido dolorido que ecoaria para sempre no coração e na memória de sua filha. Sua própria filha, que acabara por abdicar o reino dos céus em troca da compaixão por uma peça viva de carne com orelhas esvoaçantes. Sendo jogado em um canto qualquer, o pobre porco mirou seu olhar na triste menina que o pegava no colo, dando-o de beber com suas lágrimas puras, para que o porco não passasse sede até a hora de sua morte. Abraçou-o e embalou-o como se fosse uma boneca de porcelana cara, cantou sua canção preferida para ele enquanto procurava ao redor algo menos assombroso de se olhar. As asas! ... Fixou-se nas asas da vitrine e seu choro cessou enfim, com a calmaria que aquela nova ideia trouxe ao seu coração. E ao meio dia de um santo domingo, um leitão transpassou como uma bala o vidro da casa 26 e subiu ao céu com suas novas asas translúcidas, enquanto o arco de luz fechava-se e o raio que o guiava ia sumindo, deixando apenas a poeira junto ao balde jogado entre as rachaduras do calçamento velho da vila esquecida..."

terça-feira, 14 de junho de 2011

ENFIM...

Diga-me qual o segredo desta vez
é olhar pela janela sem ver o pôr-do -sol , é sentir a lágrima em cada passo errado,
é frustrar por ser frustrado ou apenas sentir a nuvem passando bem baixa, silenciosa mas sorridente...
Diga-me o por que destes laços que enfeitam sorrisos cegos sem deixar dúvidas, enquanto fingem não estarem lá quando você retorna.
Diga-me se vale a pena mais uma tentativa de tentar, sem saber que tudo é mentira e que não há nada mais.
Diga-me que até crianças grandes choram e que tudo se resolve com uma xícara de chá bem quente, bem bendito seja o amargo sorriso amargo grito sufocado por doces palavras que fazem chorar...
Preciso-te.
Mesmo sob a chuva de ventos nada voa contra o sol, se é que ele existe.....

segunda-feira, 6 de junho de 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

Letras.

Havia tempos que eu observava aquele canto entre as madeiras escuras. Suas sombras, teias de aranha e poeira que se assentava nos móveis com a ajuda do vento. Havia tempos em que eu, simples capacho da vida, ficava submisso e a esmo assim como quem nada espera além do óbvio. Mas hoje, mais que observei os móveis, a poeira e as sombras. Uma viagem se fez pelo tempo perdido, que nunca aconteceu ou acontecerá na verdade. Fechando os olhos, em meio a tarde, posso ver aquele torto caminho de pedras e areia, e até aquele montinho de mato ameaçando um verde pálido entre as folhagens secas, no qual se esconde um cachorro imundo que agora se coça com a mesma dignidade de quem possui algo, mesmo que seja uma cólera ou pulgas. Não o culpo, pois é um cachorro imundo de uma imundice não suja, mas de uma imundice ingênua, conquistada sem desejar. É nesse cachorro que penso, pois lá está ele novamente, no mesmo monte de mato, naquele mesmo caminho de pedras e areia que eu avisto toda a tarde quando fecho os olhos, esperando o nada acontecer. E quem diria algo desse canto senão eu, fruto da imaginação do cachorro, que agora me observa junto ao torto caminho de pedras e areia que ele mesmo cavou, para alguém um dia poder reparar naquele verde pálido entre as folhagens secas numa tarde de sol...

domingo, 8 de maio de 2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ZÉ PIAU

Era uma vez um quarto cinza, e nesse quarto vivia Zé Piau.
Zé Piau era um cara ranzinza, de cara fechada, não sorria e nem falava, que vivia batendo com a vassoura no vidro da janela toda vez em que alguém o chamava no portão. O que ele conhecia do mundo era apenas o que fazia sombra no chão em que pisava. O que realmente chamava a atenção não era ele ser assim tão pacato, mas sim o fato de ele nunca ter saído de sua casa, ou melhor, de seu quarto. Zé Piau era conhecido por todos mas, não conhecia ninguém, a única coisa que ele guardava para si era sua imagem, pois seus móveis e objetos foram sendo jogados nas pessoas, pela janela, até não sobrar mais nada. As únicas coisas que possuía era ele mesmo e seu segredo... Zé Piau era quadrado. Não quadrado de chato, mas de quadrado mesmo e o que o mantinha feliz era andar pelos cantos da parede, se encaixando pelos lados para ter certeza de que sua casa era quadrada mesmo e bem “angulada”, ou seja, com bom ângulo, mas isso era desculpa, porque na verdade a porta estava trancada e sua janela era redonda e ele não conseguia passar.
Um dia, um passarinho deixou cair um amendoim para dentro de seu quarto, como Zé não comia faz tempo, porque lançou toda a comida nos vizinhos, ele despertou em desejar comer aquele único amendoim, que caíra bem no centro de seu quarto. Mas de tanto andar apenas pela parede (pelos lados), ele adquiriu um medo tenebroso daquele meio em que não pisava jamais. Bem que tentou, mas não conseguiu alcançar a semente e, de tanto Zé Piau bater os pés de raiva no chão, o amendoim entrou por uma rachadura e morou nesse buraquinho no centro do quarto por muito e muito tempo. Os invernos iam e vinham, e ficaram os três a sós no quarto: Zé Piau, a rachadura e o amendoim.
Um belo dia, Zé Piau acordou, rastreou a parede como de costume e sentou em seu canto favorito. Ao olhar para o centro do cômodo, percebeu que de dentro da rachadura saltou uma pipoca, ele ficou muito assustado já que o que havia caído ali não havia sido um milho e sim um amendoim. Foi então que Zé descobriu que sua casa transformava amendoim em pipoca . Foi uma grande descoberta, mas para ninguém ele poderia contar pois não passava pela porta e nem tinha amigos do lado de fora para tirá-lo de lá.
De tanto ficar sozinho, resolveu pegar a pipoca e comê-la, mas teve a idéia de jogá-la de novo na rachadura para ver o que saía. Outro dia, ele acordou e viu um algodão doce, foi então que descobriu que sua casa transformava amendoim em pipoca e depois em algodão-doce, mas outra vez nada poderia fazer porque não passava pela porta e não tinha amigos para tirá-lo de lá. Foi então que Zé Piau morreu sozinho em seu quarto cinza. Um dia veio um passarinho e entrou na casa e o encontrou no centro do quarto, murcho. Zé Piau murchou, murchou como uma flor e ficou menor, o passarinho o pegou e o colocou na rachadura do centro do quaro cinza, depois de um inverno o passarinho voltou para pegar sua conserva e o levou para fora do quarto, porque ele passava pela porta e tinha amigos para mostrar. Enquanto comia Zé Piau, percebeu que o algodão doce que ficara dentro do quarto havia virado uma barra de ouro. Foi então que o passarinho descobriu que a casa transformava algodão-doce em barra de ouro, ficou rico e mobiliou a casa para lá mesmo morar. Um dia teve uma crise de ganância e, pasmado, trancou-se no quarto e de lá não mais saía, para nada e para ninguém, começou até a arremessar coisas para as pessoas irem embora e não pegarem seu tesouro. Foi ficando cada vez mais um ranzinza, de cara fechada, que não sorria, nem falava e que vivia batendo com a vassoura no vidro da janela toda vez em que alguém o chamava no portão. Virou um quadrado com asas, mas que não podia voar pois, não passava pela janela redondinha.
Moral da história: Ame seus amigos, não seja ganancioso e sempre tenha uma cópia da chave de sua casa.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011